A agricultura é um dos setores que mais movimenta a economia no Brasil.Segundo a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o PIB da agropecuária cresceu 11,3% no primeiro trimestre de 2024, quando comparado ao trimestre anterior. No primeiro trimestre de 2023, ano em que o país registrou safra recorde de grãos, o crescimento do PIB do setor foi de 16,2%, na mesma base de comparação.
A alta da agropecuária influenciou o crescimento do PIB brasileiro, que cresceu 0,8% no primeiro trimestre de 2024. Com o resultado, a participação da agropecuária subiu de 6,7% para 7,4% do PIB total. E esse resultado ficou acima do esperado em relação à expectativa do mercado. A Bloomberg previa 0,7% de crescimento, a LCA tinha esperado alta de 0,5% e a Agência Estado, de 0,7%.
E em 2023, a agropecuária brasileira cresceu 15,1%, com um total de R$677,6 bilhões. O setor teve a maior alta entre as atividades e refletiu diretamente no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que aumentou 2,9% em relação ao ano anterior, com R$10,9 trilhões, segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Brasil, o celeiro do mundo
O Brasil é líder mundial em diversos produtos agrícolas. O país ocupa o 1º lugar na produção e exportação de soja, café, açúcar e suco de laranja; o segundo maior em carnes bovina e o terceiro de frango.
De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (United States of Agriculture - USDA), o país é responsável por aproximadamente 59% das exportações totais de soja, 31% de café, 48% de açúcar e 76% de suco de laranja.
O país também é o terceiro maior exportador mundial de produtos agropecuários, aproximadamente USD 150,1 bilhões, atrás apenas da União Europeia e Estados Unidos (TradeMap, ITC, 2023). Além disso, o volume das exportações de produtos agropecuários cresceu 21,2% e suas receitas em dólar 7,3% em 2023, quando comparado ao ano anterior. Só para a China, o crescimento foi de 57,2% em volume, e 19,3% em receita.
O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE) revelou que várias culturas registraram crescimento de produção no ano de 2023, tendo como destaque a soja (27,1%) e o milho (19,0%), que alcançaram produções recordes na série histórica.
Agricultura sustentável
A agricultura brasileira se divide principalmente entre o agronegócio e a agricultura familiar, dois modelos produtivos com impactos distintos na economia e na sociedade. O agronegócio se caracteriza pela produção em larga escala, voltada principalmente para exportação, com alto nível de mecanização e aplicação de tecnologia de ponta. Ele é responsável por grande parte do PIB agrícola do país e pelo abastecimento dos mercados internacionais.
Já a agricultura sustentável apresenta um carácter tridimensional – ambiental, econômico e social – aplicado a atividades agrícolas que atendam a promoção da satisfação contínua das necessidades básicas de alimento e abrigo da população. Cerca de 70% das propriedades agrícolas no Brasil são familiares. Muitas delas adotam práticas sustentáveis, como o plantio direto e a rotação de culturas.
É esse modelo o responsável pela quase totalidade da produção dos alimentos consumidos internamente, como feijão, mandioca, hortaliças, frutas e leite. Além disso, a agricultura familiar adota práticas sustentáveis, como o plantio direto, a rotação de culturas e o uso reduzido de agroquímicos, contribuindo para a preservação dos recursos naturais e a geração de empregos no campo.
A importância das abelhas
As abelhas são fundamentais para a segurança alimentar. Elas são responsáveis por 70% da polinização das plantas agrícolas no Brasil, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Através desse serviço ambiental, elas atuam na regeneração das florestas e da biodiversidade, tendo ainda importância fundamental na alimentação humana e proporcionando a existência de muitos alimentos presentes no cotidiano.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (Food and Agriculture Organization - FAO), 70% das culturas agrícolas dependem das abelhas. A polinização é fundamental para garantir a alta produtividade e a qualidade dos frutos em diversas culturas agrícolas. Um levantamento feito pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos indicou que 100% das espécies de amêndoas, 90% das maçãs e mirtilos, 48% dos pêssegos, 27% das laranjas, 16% do algodão e 5% da soja dependem das ações das abelhas para se desenvolverem.
O Brasil é o maior consumidor de arroz fora da Ásia

Além de ser um dos principais produtores de arroz do mundo, o Brasil é o maior consumidor per capita deste alimento fora do continente asiático. Em 2024, foram produzidas 10,58 milhões de toneladas de arroz, de acordo com dados da Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa). Apesar dos preços baixos do arroz no período de pré-pandemia e, com isso, a migração para outras culturas como soja e milho, além das enchentes no rio Grande do Sul em 2023, o setor ainda mostra sua capacidade de adaptação.
O uso crescente de agricultura de precisão, sistemas de irrigação eficientes e ferramentas de monitoramento de solos permite otimizar a produção e reduzir desperdícios, tornando o processo menos dependente de recursos naturais. Esse manejo integrado, além de garantir uma gestão mais sustentável da lavoura, possibilita que os produtores tomem decisões mais rápidas e assertivas, minimizando riscos e maximizando o uso de insumos.
Biomas Diversificados
A agricultura brasileira ocorre em diferentes biomas, como a Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica, cada um com características únicas que influenciam as práticas agrícolas. O bioma Amazônia ocupa cerca de 49% do território brasileiro e a Amazônia possui a maior floresta tropical, contendo uma diversidade de espécies de flora e fauna. Também contém 20% da disponibilidade mundial de água e grandes reservas minerais.
A Mata Atlântica ocupa aproximadamente 13 % do território brasileiro. Por se localizar na região litorânea, ocupada por mais de 50% da população brasileira, é o Bioma mais ameaçado do Brasil. Apenas 27% de sua cobertura florestal original ainda está preservada. Já o Cerrado, ocupa cerca de 24% do território brasileiro. A partir da década de 1960, com a transferência da Capital Federal, do Rio de Janeiro para Brasília, e a abertura de uma nova rede rodoviária, a cobertura vegetal natural deu lugar à pecuária e à agricultura intensiva.
O milagre da irrigação
O projeto de irrigação do Vale do Rio São Francisco, no sertão da Bahia e de Pernambuco, transformou uma região semiárida em uma área produtiva, especialmente para a fruticultura. A produção dos projetos públicos de irrigação mantidos pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) alcançou em 2023 a marca de 4,11 milhões de toneladas de alimentos.
E houve o crescimento de 4% das áreas cultivadas, que sustentaram 343,2 mil empregos diretos, indiretos e induzidos. No período, o valor bruto de produção (VBP) chegou a R$5,48 bilhões, com destaque para a fruticultura. Os dados fazem parte do balanço de produção consolidado pela Área de Irrigação e Operações da Companhia.
Agronegócio é tech
O Brasil é líder em tecnologia agrícola, com uso crescente de drones, sistemas de monitoramento, irrigação automatizada e agricultura de precisão. Em relação ao aumento da produção, a automação de tarefas, o uso de maquinário avançado e a implementação de sistemas de informação permitem que os agricultores realizem suas atividades com rapidez e precisão, otimizando os processos e aumentando a quantidade e qualidade dos produtos.
Na tomada de decisões, fornece ferramentas e sistemas de coleta, análise e gestão de dados, permitindo que os produtores obtenham informações precisas e atualizadas sobre suas culturas, condições climáticas, mercado, entre outras variáveis. Com essas informações, também é possível a prevenção e o controle de pragas e doenças.
A mandioca é milenar
A mandioca é uma planta nativa do Brasil e é cultivada há mais de 5.000 anos. Hoje, é um dos principais alimentos básicos do país. A mandioca é nativa do Brasil e ao longo de milhares de anos, diversas espécies e variedades surgiram da interação com os povos indígena e demais agricultores que povoaram as terras do país. É um produto da agricultura familiar brasileira, e patrimônio de comunidades e povos tradicionais.
Apesar da inegável importância, o principal alimento na mesa do brasileiro hoje é o trigo, um hábito que ganhamos na colonização europeia. E 85% do trigo que é consumido, proveniente de grandes monoculturas, a partir de variedades modificadas e uso intensivo de deserbantes, conservantes e agrotóxicos. Uma receita que resulta em um gasto de 1 bilhão de reais por ano.
Cinco estados que mais produzem grãos no Brasil
Em primeiro lugar está o Mato Grosso, contribuindo com 17% do Valor Bruto da Produção (VBP). Em seguida vem São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deve ser de 298,3 milhões de toneladas em 2024, segundo a estimativa de março do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), segundo o IBGE. A liderança do Mato Grosso é impulsionada pela soja, sendo um estado beneficiado pelo clima favorável e pela sua infraestrutura logística.
O estado do Paraná é relevante na produção de milho e trigo, enquanto o Rio Grande do Sul se destaca pelo arroz, trigo e milho, além da produção de carne bovina e suína, ambos tendo facilidade no escoamento da produção, com exportações relevantes no setor agropecuário. Já em Minas Gerais, seu destaque é na produção de café, leite, feijão e milho. Em 2022, o PIB do agronegócio mineiro cresceu 6,3%, representando mais de 22% do PIB total do estado.
A produção de soja é a principal commodity do País e caiu 1,6% na comparação com o previsto em fevereiro e deve chegar a 146,9 milhões de toneladas. Essa quantidade equivale a uma retração de 3,3% na comparação com o total produzido em 2023. O resultado negativo pode ser explicado pela presença de fenômenos climáticos como o El Niño.
Agro corresponde a 20% do PIB brasileiro
O setor agrícola é um dos mais importantes para a economia brasileira, gerando empregos e renda para milhões de pessoas. Fechou em 2024 correspondendo a 20% do PIB Brasileiro e a expectativa é que cresça 5% em 2025. O agronegócio corresponde a cadeias produtivas que vão desde a produção agrícola até a agroindústria e o transporte de mercadorias. Em 2024, manteve sua relevância na economia e a expectativa para 2025 é de um crescimento de 5%, impulsionado pelo aumento da demanda global por alimentos e pela adoção de novas tecnologias no campo.
A agricultura é um dos pilares da economia brasileira e um setor estratégico para o desenvolvimento do país. Profissionais como engenheiros agrônomos, engenheiros florestais e engenheiros ambientais desempenham um papel fundamental no manejo, na modernização e na sustentabilidade da produção agrícola.
O Crea-RJ, como o Conselho Profissional que regulamenta essas profissões, trabalha com foco na qualidade dos serviços prestados e na segurança alimentar, buscando conscientizar sobre a importância do avanço tecnológico aliado à proteção dos recursos naturais.