Você sabe o que é energia nuclear? Confira!

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O que é Energia Nuclear?

A energia nuclear sempre foi um tema envolto em controvérsias e mitos. As preocupações com a segurança e os impactos ambientais associados a essa fonte energética frequentemente geram debates acalorados. No entanto, é essencial compreender que a ciência nuclear é uma área avançada, com tecnologias complexas e necessidade de alta capacitação técnica, possuindo, desta forma, regulamentações rigorosas que visam a garantir a segurança nos seus processos e aplicações diversas.

Alguns dos principais questionamentos à energia nuclear estão relacionados ao receio de acidentes e ao material nuclear residual, equivocadamente chamado de lixo atômico. É compreensível esse tipo de preocupação, especialmente após os acidentes nas centrais nucleares de Chernobyl, Ucrânia, em 1986, e Fukushima, Japão, em 2011. No entanto, é importante destacar que esses foram eventos isolados e que as lições aprendidas a partir deles foram incorporadas ao desenvolvimento de novas tecnologias e à melhoria dos critérios de projeto e protocolos de segurança em todo mundo. Os setores nuclear e o da aviação são reconhecidos por implementarem melhorias em suas instalações e processos a cada ciclo de aprendizado e/ou inovações, visando sempre ao aumento da segurança operacional, sem detrimento de aumentos de custos.

A maior parte dos reatores que operam nas centrais nucleares do mundo são da chamada segunda geração, com até 60 anos de operação. Estão gradativamente sendo substituídos por outros das terceira e quarta gerações, onde os avanços dos critérios de projeto, de materiais e da forma de construção ampliam sobremaneira a segurança intrínseca (também chamada de sistemas passivos), baseado no aprendizado da experiência operacional mundial desde seu início nos anos 1950.

O mesmo acontece para a disposição provisória dos combustíveis e materiais usados na produção de energia, na medicina e nas demais áreas de aplicações da tecnologia nuclear, onde modernas técnicas de estocagem, controles e monitoração garantem a segurança e adequada disposição dos resíduos do setor, que devem ser chamados de rejeito radioativo, e não de lixo atômico. Afinal, o lixo é enviado para os aterros sanitários e/ou descartado sem controle. O rejeito radioativo é controlado por normas nacionais e internacionais, e por toda a sua existência. Até que venha a ser reciclado, através das tecnologias ora em desenvolvimento, deve ser adequadamente condicionado, armazenado e controlado, sendo submetido às inspeções de conformidade por especialistas e autoridades nacionais e internacionais.

É importante destacar que a quantidade de resíduos radioativos produzidos nas usinas nucleares é relativamente pequena se comparada com outras fontes de energia. O custo-benefício para o meio ambiente pode ser facilmente comprovado quando avaliamos a capacidade do átomo de prover grandes blocos de energia com mínimo impacto ao meio ambiente, em especial quanto ao efeito estufa e o consequente aquecimento global. Em termos de energia que pode ser gerada, uma única pastilha de dióxido de urânio (cerca de 6g) é equivalente a uma tonelada de carvão, ou 21.000 litros de óleo ou 482.000 litros de gás, sendo que no caso do combustível urânio praticamente não há geração de gases contribuintes para o efeito estufa.

Além de serem construídas com múltiplas camadas de proteção, as usinas que geram energia através da fonte nuclear possuem medidas de segurança que incluem sistemas de refrigeração de emergência, sistemas de contenção de radioatividade, redundância de equipamentos, capacitação contínua do pessoal e protocolos de emergência bem definidos. No caso do Brasil, as atividades dos reatores nucleares nacionais são reguladas, inspecionadas e auditadas por órgãos competentes, como a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

 

 

Elemento Combustível

O Brasil figura entre os dez países com mais recursos de urânio no mundo, com apenas 30% do seu território prospectado, elemento com alta densidade energética, o que pode possibilitar a geração de grandes quantidades de eletricidade em um espaço reduzido. Isso demonstra que a energia nuclear é uma opção altamente estratégica para o desenvolvimento sustentável do país e uma enorme oportunidade para se reduzir a dependência de combustíveis fósseis, desempenhando papel importante para ampliação da diversificação da matriz energética brasileira de forma ainda mais limpa.

A energia nuclear não é a única solução para os desafios energéticos do Brasil. O Crea-RJ defende a adoção de fontes renováveis diversificadas, cuidadosamente planejadas, integradas e sustentáveis, a fim de alcançarmos a melhor eficiência energética possível. O progresso tecnológico e a busca por soluções sustentáveis são caminhos que devem ser percorridos com responsabilidade, conhecimento e correção científica. Neste sentido, a energia nuclear pode e deve desempenhar um papel importante para a sociedade e o futuro do Brasil, desde que sejam adotados uma visão e um programa estratégico para o setor e seja mantida a sua identidade característica de transparência e compromisso contínuo com a segurança operacional e a preservação do meio ambiente.

Com informações do artigo ‘Energia Nuclear no Brasil’, do engenheiro químico João da Silva Gonçalves, superintendente de Engenharia do Combustível da INB - Indústrias Nucleares do Brasil.

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