A transição dos sistemas energéticos mundiais para fontes de energia de baixo carbono é crucial para evitar impactos catastróficos do aquecimento global, que está na origem das mudanças climáticas que atingem todo o planeta. Para alcançar emissões líquidas zero antes do final deste século, é necessário promover uma mudança radical na forma como a energia é produzida e consumida. A maior parte da procura de energia acontece nas áreas urbanas. Portanto, sem envolver as cidades no processo de transição energética os esforços de descarbonização serão praticamente nulos.
Com essa visão, a Prefeitura do Rio, o Instituto de Energia da PUC-Rio e a ONU Habitat – o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos – se uniram para organizar o Seminário “ENERCITY - Rio: Capital da Transição Energética em Cidades”, que será realizado no próximo dia 28, terça-feira, das 9h às 13h, no auditório RDC da PUC-Rio, na Gávea, Zona Sul do Rio.
O seminário será aberto pelo prefeito Eduardo Paes; pelo reitor da PUC-Rio, padre Anderson Pedroso; pelo representante da ONU Habitat, Elkin Velasquez Monsalve; e pelo representante do Instituto de Energia da PUC-Rio, David Zylbersztajn.
“Com esse seminário, pretendemos fazer do Rio um projeto-piloto de transição energética para ser replicado por toda a América Latina “, destaca Zylbersztajn, um dos professores do Instituto de Energia da PUC-Rio, que vem promovendo estudos, cursos e seminários, com o objetivo de identificar desafios e oportunidades no setor.
Com os professores Edmar de Almeida e Eloi Fernández y Fernández, David Zylbersztajn publicou no jornal “O Globo artigo no qual adverte que para acelerar a transição energética no país é fundamental mobilizar as cidades, enquanto o debate e os estudos sobre política e regulamentação energética concentram-se no nível nacional.
“A transição energética tornou-se um dos assuntos mais debatidos nos círculos académicos, no governo e em foros empresariais, centralizado essencialmente na descarbonização pela substituição de combustíveis fósseis. No entanto, existe um ponto cego no debate sobre o assunto no Brasil: o papel das cidades. Aqui, política energética é considerada assunto federal, em menor grau estadual, menos ainda municipal. Vê-se pouco ou nenhum envolvimento das cidades no tema. Trata-se de um paradoxo, pois cerca de 70% das emissões energéticas acontecem nas cidades”, escreveram os professores do Instituto de Energia da PUC-Rio, um dos parceiros na realização do seminário.
“O ambiente urbano é o ponto cego na transição energética. O tema da energia está submetido a questões nacionais. Temos que fazer o foco no território urbano, já que as cidades são as grandes consumidoras de energia”, observa o diretor do Instituto de Energia da PUC-Rio, o professor Eloi Fernández y Fernández, que será um dos mediadores do seminário.
Evento paralelo oficial do “Rio, capital do G20”, o seminário Enercity vai contar também com a participação dos seguintes palestrantes: o secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico, Chico Bulhões; Edmar de Almeida, do Núcleo KPMG/IEPUC de Transição Energética; a secretária municipal de Transporte, Maina Celidonio; Ernesto Pousada, presidente da Vibra Energia; Rafael Quaresma, presidente da Rio Trilhos; Guilherme Ramalho, presidente do Metrô Rio; Thiago Dias, subsecretário executivo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico; André Paro, diretor da Promon Engenharia; Flávio Lopes, presidente da Comlurb: Marilene Ramos, diretora da Águas do Brasil; Maurício Carvalho, presidente da Urca Energia; Nelmara Arbex, sócia líder ESG Alat; Lucas Padilha, presidente do Comitê Rio G20; e Marcelo Gattass, vice-reitor de Desenvolvimento da PUC-Rio.
O seminário vai abordar os seguintes temas: Transição energética e o marco conceitual e Transição Energética e o Rio de Janeiro (Mobilidade Urbana: Eficiência, Edificação e Território Urbano; e Água e Resíduos Urbanos).
O evento é também resultado de uma parceria entre Prefeitura do Rio, PUC-Rio e ONU Habitat, que assinaram uma carta de intenções com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento urbano sustentável nas cidades da América Latina. O acordo prevê atividades que possam ampliar a promoção de alianças e parcerias para implementação da Nova Agenda Urbana para o Desenvolvimento Sustentável e impactar positivamente o progresso, a prosperidade e a integração regional, particularmente com foco no setor de energia.
Nesta quinta-feira, a Prefeitura do Rio apresentou cinco iniciativas de eficiência e transição energética que estão sendo implantadas na cidade, durante a assinatura do Acordo de Cooperação Energética para compartilhar soluções sustentáveis e integradas com três municípios do estado: Maricá, Mesquita e Niterói.
O pacto foi assinado no Seminário de Boas Práticas – Cidades Eficientes e Transição Energética, no Palácio da Cidade, em Botafogo. O objetivo do “Transição Rio” é promover a transição energética na região metropolitana para estimular a geração de energias renováveis e a criação de empregos verdes nas cidades.
As iniciativas da Prefeitura do Rio para eficiência e transição energética na cidade são o Solário Carioca, uma PPP para implantação, manutenção e operação de uma Usina Solar Fotovoltaica; o Circo Solar, primeiro espaço cultural do Rio de Janeiro a gerar 100% da energia que consome; o programa Cidades Eficientes, um mapeamento dos consumos de energia e água das escolas municipais da cidade do Rio; o Centro de Energia e Finanças do Amanhã; e o projeto de aquisição de energia verde e renovável no mercado livre de energia, vencedor da categoria “Inovação e Sustentabilidade Ambiental”, no Prêmio InovaCidade 2023, realizado pelo Instituto Smart City America Business.
O Rio foi o primeiro município do Brasil a comprar energia no mercado livre, sem intermediação de concessionária. O projeto foi centrado no uso das energias eólica e solar para abastecimento do Centro Administrativo São Sebastião (CASS), na Cidade Nova. Na primeira etapa do projeto, foi realizado um pregão para aquisição de mais de 76 mil MWh em um contrato de cinco anos, que resultou na economia de mais de R$ 30 milhões nas despesas de energia na sede administrativa municipal. Além disso, o projeto evita 40 mil toneladas de CO2 e zera as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE).