Há 40 anos tem muita Engenharia no samba

Um marco tanto para a cidade do Rio de Janeiro, como para os desfiles das escolas de samba, o Sambódromo da Marquês de Sapucaí, maior palco do Carnaval brasileiro, está próximo de completar quatro décadas de espetáculo. O local, inicialmente batizado como “Avenida dos desfiles”, passou a se chamar “Passarela Professor Darcy Ribeiro”, a partir de 1987 em homenagem ao antropólogo que participou da concepção do projeto. A construção foi iniciada em 1983 e sua inauguração aconteceu no ano seguinte. 

Antes da construção do Sambódromo, que é um patrimônio cultural brasileiro tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), os desfiles das escolas de samba ocuparam diferentes ruas da cidade, passando pela Praça Onze, Campo de Santana e Avenida Rio Branco. Esta avenida abrigou o espetáculo até 1962, quando o desfile foi transferido para a Presidente Vargas.

No início da década de 1980 as escolas de samba do Rio de Janeiro já tinham se tornado a maior expressão do carnaval da cidade e atraíam milhares de espectadores. Esse era mais um dos fatores que faziam com que as escolas precisassem da construção de um palco fixo destinado às suas apresentações que hoje são conhecidas como o maior espetáculo do planeta.

Assim, ganhava força o debate sobre a necessidade da construção de um local permanente para a realização dos desfiles das escolas de samba que até o momento tinham sido realizados em ruas e avenidas da cidade. O sistema de “monta-desmonta” das arquibancadas móveis causava transtornos na região da cidade onde ocorriam os desfiles e gerava um alto custo para o estado. 

O Sambódromo foi idealizado pelo engenheiro-arquiteto Oscar Niemeyer a pedido da administração do estado, que, na época, tinha Leonel Brizola como governador e Darcy Ribeiro como vice-governador e secretário de Cultura do estado. O projeto foi elaborado para ser o palco fixo dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, porém, fora do período carnavalesco este lugar possuiria outras funções sociais como a transformação de alguns de seus espaços em CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública), por exemplo.

Sob a coordenação do engenheiro José Carlos Sussekind, a “Passarela do Samba” foi construída em um período de apenas quatro meses, com a participação de 2.690 operários que trabalhavam 24 horas por dia. Sua estrutura, em peças pré-moldadas de concreto, mede 700 metros de extensão e 13 metros de largura e apresenta capacidade para cerca de 60 mil pessoas. Este novo local já receberia os desfiles de 1984.

Além de mudar permanentemente a paisagem urbana da região onde ele foi instalado, o Sambódromo, mudava também a forma de organização dos desfiles, tornando-os mais grandiosos e profissionais e divididos em dois dias, o que não era realizado nos anos anteriores. 

A estrutura do Sambódromo foi meticulosamente planejada para acomodar a complexa logística do Carnaval, incluindo as necessidades das escolas de samba, dos artistas, dos membros da organização e do público em geral. As arquibancadas são divididas em setores, cada um com sua própria estrutura de apoio, incluindo banheiros, áreas de alimentação e espaços para serviços de emergência.

Além disso, o Sambódromo é equipado com sistemas de iluminação e som de última geração, garantindo que os desfiles ocorram com o máximo de visibilidade e qualidade sonora.

A Praça da Apoteose é a parte final da passarela, onde, ao final do desfile, as escolas de samba realizam a dispersão de seus integrantes, em momento de consagração da passagem. Lá existe um grande arco parabólico de concreto, com um pendente ao centro. Este arco se tornou símbolo do Sambódromo e também um  importante ícone de  representação da cidade do Rio de Janeiro.

Modernização

Ao longo do tempo, o Sambódromo passou por várias obras de modernização e melhorias para garantir sua funcionalidade, segurança e conforto para os participantes e espectadores dos desfiles de Carnaval. Essas obras têm como objetivo não apenas manter a estrutura em condições ideais, mas também tornar a experiência do Carnaval ainda melhor.

Infraestrutura e acessibilidade: Foram realizadas melhorias na infraestrutura do local, incluindo reparos e atualizações nas arquibancadas, passarelas, corredores e áreas de serviço. Além disso, foram implementadas medidas para tornar o Sambódromo mais acessível para pessoas com deficiência, incluindo rampas de acesso, elevadores e banheiros adaptados.

Tecnologia e segurança: Foram feitos investimentos em tecnologia para melhorar a segurança e a experiência dos participantes, incluindo a instalação de sistemas de monitoramento por câmeras, iluminação de última geração, sistemas de som aprimorados e medidas de controle de multidões para garantir a segurança durante os desfiles.

Sustentabilidade ambiental: Como parte do compromisso com a sustentabilidade, o Sambódromo implementou medidas para reduzir seu impacto ambiental, como a instalação de sistemas de energia renovável, gestão eficiente de resíduos e iniciativas de conservação de água e energia.

Melhorias nas instalações: O Sambódromo também passou por melhorias em suas instalações, como a renovação de camarotes, áreas de alimentação e banheiros. 

Preservação do patrimônio cultural: Além das atualizações físicas, as obras de modernização visam a preservar o valor cultural e histórico do Sambódromo, por meio da restauração de elementos arquitetônicos importantes, a manutenção de obras de arte e a promoção da cultura local durante os eventos realizados no local.

O Crea-RJ no Carnaval

No Carnaval 2024, o Crea-RJ montou uma base operacional no Sambódromo para fazer a fiscalização do exercício legal das profissões ligadas às áreas de Engenharias envolvidas não só em toda a infraestrutura necessária para o funcionamento do Sambódromo, mas também para a produção, operacionalização e segurança dos carros alegóricos, durante os desfiles.

De acordo com o presidente Miguel Fernández, a ação no Sambódromo faz parte da implementação de seu projeto de criação de uma equipe especializada na fiscalização de grandes eventos no estado.“Verificamos as condições de segurança dos carros alegóricos nos barracões da Cidade do Samba e também os preparativos finais na concentração da Passarela, onde as estruturas terminam de ser montadas, horas antes dos desfiles”, explica. 

A Fiscalização do Crea-RJ exige, por exemplo, as Anotações de Responsabilidades Técnicas (ARTs) para o sistema hidráulico dos carros, sistema elétrico (a base de geradores) e para o sistema de segurança. Assim, os profissionais das áreas das Engenharias Mecânica, Elétrica e de Segurança do Trabalho são os que têm competência para os projetos dos carros alegóricos e para funcionamento correto de todo sistema interligado.

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Fonte: A ERA SAMBÓDROMO: os debates que surgiram e os impactos gerados pela construção de um palco fixo para os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro (1984 a 2019)

 

 

 

 

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