O principal desafio das grandes metrópoles é alcançar a eficiência no uso de recursos, mobilidade e serviços a fim de melhorar a qualidade de vida dos habitantes. As soluções do futuro têm na tecnologia o seu elemento fundamental e é nesse cenário que se encontra o
conceito de Cidade Eficiente ou Cidade Inteligente. A ideia é um sistema onde energia, transporte, infraestrutura, sustentabilidade e informação funcionem em harmonia.
Nesse sentido, diversas cidades do mundo já colocam o conceito em prática. Um exemplo
prático desta iniciativa é Songdo, na Coreia do Sul. A cidade, construída do zero e considerada uma das mais inteligentes do mundo, tem sistemas de água, coleta de resíduos, eletricidade e estradas com sensores eletrônicos para controlar tudo de forma sustentável, além de 40% de sua área como reserva verde. Os edifícios têm controles de clima automáticos e acesso informatizado para permitir que o ambiente responda de acordo com as ações e necessidades de seus moradores.
No Brasil, experiências pontuais de cidades inteligentes também acontecem. Curitiba, por exemplo, ainda nos anos 1980, foi considerada uma cidade-modelo por desenvolver projetos que acabavam sendo exportados para outras cidades brasileiras. A qualidade
de seu transporte público chegou a ser utilizado por cerca de 70% da população.
O Rio de Janeiro também tem conquistado espaço. O Centro de Operações Rio (COR) e a Central 1746, por exemplo, deixam clara a presença da tecnologia na cidade. Pela Central, os cidadãos podem reportar ocorrências e solicitar à prefeitura centenas de serviços municipais, por meio de aplicativo, além dos tradicionais telefone e site. Os dados permitem a criação de estratégias para melhor gestão do espaço, assim como funciona no COR.
No Centro de Operações, um telão de 80 metros quadrados mostra informações em tempo real de concessionárias e órgãos públicos, além das imagens de câmeras instaladas pela cidade. Em conjunto, parcerias com o aplicativos de mobilidade (Waze e Moovit, por exemplo) permitem o compartilhamento de informações sobre o trânsito pelos próprios usuários. O sistema permite antecipar e solucionar problemas como acidentes, congestionamentos e chuvas fortes.
Especialmente em períodos de chuvas, outra complicação das grandes metrópoles torna-se evidente. É o acúmulo de lixo, natural em sociedades que compram e descartam mercadorias com voracidade cada vez maior. Nessas ocasiões, o poder público é convocado a encontrar soluções viáveis para evitar enchentes e impedir, principalmente, a transformação de rios e encostas em depósitos ilegais de resíduos e em palcos de tragédias.
Entre as soluções modelo para o problema, destaca-se o caso de Barcelona, utilizado também em mais 50 cidades europeias. Desde a década de de 2010, a cidade tem instalado um sistema de “bocas de lixo”: os cidadãos depositam os sacos por escotilhas que são conectadas a um gigantesco sistema de tubulação, enterrado a pelo menos cinco metros da superfície. O sistema evita o uso de latas e coletas periódicas através de caminhões. O destino final é uma usina de triagem, afastada da área urbana. Resíduos limpos são reciclados e o lixo orgânico vira combustível para mover turbinas que produzem eletricidade.
Para o Crea-RJ, exemplos como esses demonstram como a tecnologia, unida à sustentabilidade, pode provocar uma revolução nas formas de lidar com os desafios do espaço urbano. O conceito de cidades inteligentes revela que elas podem – e devem – ser continuamente melhoradas em benefício de seus habitantes e elaboradas por profissionais tecnicamente habilitados para o desenvolvimento dessas tecnologias. Também podem ser econômicas quanto ao uso racional de seus recursos naturais e, ainda assim, e talvez por isso mesmo, ser um nicho de negócios para novas tecnologias.