Em 22 de março é celebrado o Dia do Engenheiro Hídrico e do Hidrogeólogo, profissionais da Engenharia e da Geologia, que atuam na análise e monitoramento do bem mais importante para a vida no planeta
O Dia do Engenheiro Hídrico e do Hidrogeólogo é comemorado no mesmo dia em que é celebrado o Dia Mundial da Água. Não se trata de uma coincidência. Esses profissionais carregam a responsabilidade de gerir o bem mais precioso do planeta. Além do monitoramento das bacias, os engenheiros hídricos atuam em setores ligados à produção de energia elétrica.
O Dia Mundial da Água foi instituído pela ONU para lembrar a importância da preservação dos recursos. Vale ressaltar que o Brasil tem a maior reserva hidrológica do planeta (12% da água doce), com destaque para os aquíferos Guarani (localizado no Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina) e Alter do Chão, na região amazônica.
Nos anos mais recentes, o Brasil enfrentou uma das piores crises hídricas de sua história, conforme divulgado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Os reservatórios do sistema Sudeste/Centro-Oeste, responsáveis por 70% da geração de energia do país, operaram com apenas 19,59% da capacidade. Esse monitoramento, essencial para enfrentar crises como essa, é uma das atribuições dos engenheiros hídricos, uma disciplina relativamente nova e que tem suas funções regulamentadas pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), de acordo com a Resolução nº 492, de 30 de junho de 2006.
Já os profissionais da Hidrogeologia avaliam a viabilidade do consumo consciente da água, tanto na superfície, subsuperfície e em profundidades. São responsáveis também por dimensionar o volume de água a ser explorado sem prejudicar o ambiente, buscando preservar as reservas de água a longo prazo.
É importante salientar que a água dos aquíferos é muito antiga, de milhões de anos e que sua “recarga” é bastante lenta, já que depende da penetração das chuvas no solo até chegar neles. A água é um bem da humanidade e circula pelo planeta, sem fronteiras. É fundamental pensar de maneira global para a preservação desse recurso, de maneira sustentável e consciente.
Saiba mais sobre as profissões
O engenheiro hídrico, também conhecido como engenheiro de recursos hídricos, possui a capacitação necessária para se dedicar ao desenvolvimento de projetos, à gestão e supervisão de atividades profissionais que fazem uso dos recursos hídricos em seu dia a dia.
Planejar e orientar a utilização das águas de bacias hidrográficas, prevenindo os impactos negativos que elas possam sofrer em consequência de atividades industriais, agrícolas e urbanas, é a principal função do engenheiro com essa formação.
No setor de energia, atua na operação de reservatórios e no planejamento dos recursos hídricos. Ao lado dos engenheiros sanitaristas e ambientais, trabalha com a recuperação e a manutenção desses recursos. Com engenheiros civis, projeta canais, portos e barragens.
De acordo com o CONFEA, esse profissional está preparado para realizar avaliação, quantificação, projeção, montagem, construção, fiscalização e gestão de empreendimentos ligados aos recursos hídricos, sistemas de circuitos hídricos, sistemas de informações hidrológicas e gestão de recursos hídricos.
O que fazer?
Estudos ambientais: elaborar projetos, programas e ações de proteção ambiental, que, por meio do estudo e monitoramento de parâmetros hidrológicos, sejam capazes de avaliar o impacto de obras de grande porte na natureza, como usinas hidrelétricas e estradas.
Gestão de bacias: planejar a utilização da água de bacias hidrográficas, visando à otimização qualitativa e quantitativa do recurso água, administrando tecnicamente questões de uso conflitante de recursos hídricos.
Operação de reservatórios: administrar o uso das águas de represas, aliando a geração de energia elétrica com atividades de irrigação, transporte e lazer.
Projetos: projetar sistemas e redes de irrigação, drenagem, bombeamento, tratamento e distribuição de água. Definir obras e estruturas hidráulicas em geral, como canais e portos.
Mercado de Trabalho
O mercado está favorável para os bacharéis com essa formação. A crise hídrica vivenciada por diversos municípios do país nos últimos anos, reforça a necessidade desse profissional em equipes responsáveis pela gestão dos recursos hídricos.
Para completar o cenário, o país guarda mais de 12% do total de água potável superficial do planeta e precisa preservar seus mananciais hídricos, como o Aquífero Guarani, um dos maiores depósitos subterrâneos de água do mundo.
O setor mais aquecido é o de projetos de sistemas de irrigação e bombeamento, que visam a garantir o abastecimento de água no meio rural e em centros urbanos. O bacharel ainda pode trabalhar no monitoramento, diagnóstico, manejo e gestão dos recursos hídricos, em condições naturais ou em estruturas artificiais. Ele também encontra vagas na área de desenvolvimento tecnológico de ferramentas para avaliação dos recursos hídricos e processos envolvidos com a a água.
Sua atuação vai desde o planejamento até a execução de projetos na área ambiental e na de infraestrutura hídrica. Os setores elétrico, de saneamento básico, de portos e hidrovias também abrem vagas para o graduado.
Há oportunidades em todo o país, a maioria delas nas regiões sul, em companhias como a Itaipu Binacional, e sudeste. No entanto, as políticas públicas de incentivo ao desenvolvimento do Nordeste têm aberto postos de trabalho nos estados daquela região.
Curso
O primeiro ano é focado num ciclo básico, com matemática, física, cálculo e química, além de matérias introdutórias, que fornecem um panorama do curso. A partir do segundo ano, começam as disciplinas específicas, nas quais o aluno conhece as principais formas de ocorrência e o uso das fontes hídricas e detalhes sobre geração de energia elétrica.
Há, ainda, aulas de microbiologia, ecologia, hidrologia, economia de recursos naturais e irrigação e drenagem.
Ética profissional e legislação ambiental fazem parte do currículo. Aulas em laboratório e atividades de campo, como visitas técnicas a usinas hidrelétricas, são promovidas durante o curso. Estágio e trabalho de conclusão são obrigatórios.
Duração média: 5 anos.
A Hidrogeologia é um ramo da Geologia que ajuda a perceber vários aspetos essenciais para assegurar o bom aproveitamento dos recursos hídricos.No fundo, o papel desta área científica é proteger os depósitos subterrâneos de água.
Por outro lado, é preciso saber que as características dos aquíferos são influenciadas por vários aspectos, incluindo o tipo de rocha, e isso determina a forma como a água que armazenam se comporta. Desta forma, é preciso adequar técnicas de perfuração diferentes para captar as águas.
Assim, o Hidrogeólogo pode atuar em várias vertentes desta ciência que também se preocupa com o estudo da contaminação mineira das águas subterrâneas. Além disso, tem de apresentar soluções para reduzir esse tipo de impactos negativos nos aquíferos.
O que fazer?
O papel de um hidrogeólogo é estudar a qualidade, a distribuição e o volume das águas subterrâneas, interpretando dados históricos, bem como mapas, para conhecer seus fluxos. Além disso, investiga amostras e medições para prever tendências futuras, por exemplo quanto aos impactos na qualidade das águas, a fim de proteger os aquíferos e a gestão dos recursos hídricos subterrâneos.
Estão entre as funções do hidrogeólogo: identificar e caracterizar diferentes tipos de aquíferos; fazer projetos de perfuração e de poços de água; inventariar pontos de água e monitorar recursos hídricos e furos para sua captação; propor soluções para reduzir impactos ambientais; realizar ensaios de Caudal e sistemas de bombagem de furos; ler mapas e dados geográficos e analisar informações históricas; fazer trabalho de campo, recolhendo amostras de água e medindo o fluxo dos aquíferos; etc.
Mercado de Trabalho
Especialistas em questões da Terra por excelência, os geólogos são mais uma das classes profissionais que encontraram nas profundezas das águas, literalmente, um mercado de trabalho promissor. a maior parte dos recursos hídricos do planeta estão, na verdade, no subsolo do planeta, o que faz da Geologia a ciência mais gabaritada para lidar com essa riqueza.
O profissional analisa onde e como iniciar a instalação de poços artesianos, por exemplo, levando em conta a quantidade de água disponível no local, fatores de contaminação do solo e da água no entorno. O Brasil já tem muitas cidades de médio porte dependendo diretamente da água subterrânea, logo, graças ao aumento da percepção da escassez de água no planeta, tem se tornado importante foco da Geologia, abrindo espaço para os hidrogeólogos.
Como grande parte do trabalho do “hidrogeólogo” se relaciona ao planejamento e controle de qualidade, muitos desses profissionais são contratados por órgãos governamentais e agências reguladoras para desempenhar atividades de caráter político e administrativo.
Curso
A Hidrogeologia surge como uma cadeira em graduações nas áreas da Geologia. Contudo, não existem graduações específicas nesta área. Assim, o caminho da formação passa por fazer graduação em Geologia e especialização em Hidrogeologia.