André Rebouças e o legado para o desenvolvimento e a liberdade no Brasil

O dia 9 de maio marca a data de morte do engenheiro André Rebouças (1838-1898), um dos profissionais mais respeitados de sua época, por seu trabalho em melhorias de infraestrutura para o desenvolvimento do país. Ele foi um engenheiro militar, abolicionista e inventor que desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da infraestrutura do Brasil. Foi também um dos pioneiros no campo da Engenharia no país e contribuiu significativamente para projetos de modernização, como a construção de estradas de ferro, pontes e sistemas de abastecimento de água. Sua habilidade técnica e visão progressista o tornaram uma figura influente na corte imperial brasileira, onde foi consultor do imperador Dom Pedro II.

O engenheiro 

Em 1854, André Rebouças ingressou na Escola Militar do Rio de Janeiro, concluindo o curso preparatório para oficialato em 1857 como 2° tenente. Bacharelou-se em 1859 em Ciências Físicas e Matemáticas pela Escola Militar da Praia Vermelha, obtendo o grau de engenheiro militar em 1860. Em janeiro de 1861, a Escola Militar deferiu o requerimento de licença feito por André Rebouças para estudar na Europa, durante dois anos, sem deixar de receber os vencimentos. Por ocasião dessa viagem, conheceu Paris, Londres, Liverpool e Manchester. Retornou ao Brasil em novembro de 1862.

André ganhou fama no Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, ao solucionar o problema de abastecimento de água, trazendo-a de mananciais fora da cidade. Outra área em que teve ação significativa foi no campo das ferrovias. Em 1871, André e seu irmão Antônio, também engenheiro, apresentaram ao imperador D. Pedro II o projeto da estrada de ferro ligando a cidade de Curitiba ao litoral do Paraná, na cidade de Antonina. Quando da execução do projeto, o trajeto foi alterado para o porto de Paranaguá. Até hoje, essa obra ferroviária se destaca pela ousadia de sua concepção.

Além das ferrovias, Rebouças também foi fundamental na construção de pontes e sistemas de abastecimento de água em várias cidades brasileiras. Sua experiência em Engenharia hidráulica foi especialmente valiosa para garantir o fornecimento de água potável para áreas urbanas em rápido crescimento.

Rebouças, entretanto, não se limitou apenas a projetos de infraestrutura. Ele também foi um defensor do uso de tecnologias inovadoras para promover o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Como inventor, ele registrou várias patentes, incluindo um processo para fabricação de tijolos de concreto mais baratos e duráveis, que poderiam ser amplamente utilizados na construção civil.

Além de suas realizações técnicas, Rebouças também desempenhou um papel importante como conselheiro do imperador Dom Pedro II, oferecendo conselhos sobre questões de Engenharia e infraestrutura.

O abolicionista

André Rebouças desempenhou importante papel na luta pela abolição da escravatura no Brasil, contribuindo para o movimento abolicionista do século XIX. Usou sua influência e posição privilegiada na sociedade para advogar pela emancipação dos escravos. Dedicou tempo, recursos e energia para promover a causa abolicionista, participando ativamente de sociedades e movimentos que buscavam acabar com a escravidão. Sua habilidade técnica e reputação o tornaram uma voz respeitada entre os líderes políticos e sociais da época, ampliando o alcance de suas atividades pela abolição.

Merecida homenagem

Dois dos seus seis irmãos, Antônio Pereira Rebouças Filho e José Rebouças, também eram engenheiros.

Uma das principais vias de passagem do Rio de Janeiro, que liga as Zonas Sul e Norte da cidade através do maciço da Tijuca, recebeu seu nome em homenagem a André Rebouças e a Antônio Rebouças. O Túnel Rebouças, projetado pelo engenheiro Antônio Russell Raposo de Almeida e inaugurado em 1967, possui 2,8 quilômetros de extensão e é uma das mais importantes obras de infraestrutura do município.

A via conta com dois túneis, um batizado com o nome de cada irmão: o nomeado como André Rebouças faz a ligação no sentido do Rio Comprido à Lagoa Rodrigo de Freitas; e outro, no sentido da Lagoa ao Rio Comprido tem o nome de Antônio Rebouças.

Para além da melhoria da mobilidade urbana, a construção do Túnel Rebouças foi uma conquista significativa da Engenharia da época, já que enfrentou uma série de desafios técnicos e logísticos, como uma Geologia complexa, incluindo rochas duras, formações geológicas instáveis e água subterrânea, o que exigiu técnicas sofisticadas para escavação e estabilização; e a escavação em ambiente urbano, densamente povoado, unida à gestão do tráfego durante a construção.

Apesar dos desafios, a conclusão bem-sucedida do Túnel Rebouças demonstrou a capacidade da Engenharia brasileira em enfrentar e superar obstáculos. Uma homenagem à altura dos engenheiros que também marcaram a história e o desenvolvimento do Brasil.

O Crea-RJ exalta a importância da contribuição do engenheiro André Rebouças para a história da Engenharia nacional e do Brasil, por seu posicionamento e sua luta pela abolição da escravatura e pelo desenvolvimento da sociedade. O Conselho homenageia esse grande profissional, buscando espelhar-se em seu trabalho, promovendo a excelência na Engenharia e apregoando a justiça social.

André Rebouças e o legado para o desenvolvimento e a liberdade no Brasil