Museu Nacional de Belas Artes comemora 116 anos

Situado no centro histórico do Rio de Janeiro, o edifício de arquitetura eclética projetado em 1908 pelo arquiteto Adolfo Morales de los Rios para sediar a Escola Nacional de Belas Artes, herdeira da Academia Imperial de Belas Artes, foi construído durante as modernizações urbanísticas realizadas pelo prefeito Pereira Passos na então Capital Federal.

Na fachada principal, há frontões, colunatas e relevos em terracota, além de medalhões pintados por Henrique Bernardelli. Nas fachadas laterais, mosaicos retratam personalidades como Leonardo Da Vinci e Giorgio Vasari, e são assinados pelo francês Félix Gaubin.

Criado oficialmente em 1937 por Decreto do presidente Getúlio Vargas, o Museu Nacional de Belas Artes conjugou a ocupação do prédio com a Escola Nacional de Belas Artes até 1976, quando a EBA foi deslocada para a ilha do Fundão. Neste mesmo ano, com a criação da Fundação Nacional de Arte(Funarte) houve novo compartilhamento.

Em 24 de maio de 1973, o edifício da Avenida Rio Branco, 199, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional(IPHAN) e, a partir de 2003, a imponente construção passou a abrigar na sua totalidade o MNBA.

Avançando na linha do tempo, em 2009 o MNBA foi incorporado pelo Instituto Brasileiro de Museus(IBRAM), autarquia vinculada ao Ministério da Cultura. Hoje é a instituição que possui a maior e mais importante coleção de arte brasileira do século XIX, concentrando um acervo de cem mil itens entre pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, objetos, documentos e livros.

Restauração

Ocupando uma área de 18 mil m2,  um quarteirão e integra o conjunto arquitetônico formado por mais duas instituições culturais, o Theatro Municipal e a Biblioteca Nacional,

o Museu Nacional de Belas Artes/Ibram/MinC passa desde 2020 por um minucioso trabalho de restauração, com expectativa de que seja reaberto ao público, totalmente recuperado e modernizado, no fim de 2025. 

A recuperação das quatro fachadas do edifício histórico e de seus ornamentos está concluída. A reforma de esquadrias e claraboias está em fase final. Entre outras intervenções na estrutura, o serviço contempla acabar com infiltrações e medidas de prevenção a incêndios. Os recursos somam R$ 27,8 milhões do Fundo de Direitos Difusos, do Ministério da Justiça.

Mais frentes estão em fase de conclusão de projetos executivos. O BNDES aplicará quase R$ 4 milhões na modernização do sistema elétrico da edificação. Já a Shell, via Lei Rouanet (de incentivos fiscais para apoio à cultura), está investindo mais de R$ 5,8 milhões na climatização do prédio, na expansão da reserva técnica do museu e na implantação de uma nova exposição de longa duração. Outro patrocinador, com R$ 1,3 milhão, é o Itaú.

Das intervenções na estrutura, as últimas a iniciarem foram nas três cúpulas. O serviço está adiantado nas laterais, com dez metros de pé direito e 64 metros quadrados de área. A proposta inicial de obra nas cúpulas previa a demolição de todo o invólucro de argamassa armada que envolve uma tela metálica (em formato de gaiola de passarinho). A estrutura metálica seria recuperada e revestida por um material novo. Mas o Iphan ponderou quanto à necessidade de remoção completa de uma argamassa centenária. Após estudos, a opção foi pela substituição tão somente dos trechos degradados.

Embora tenha recebido reforço estrutural, entre 1940 e 1960, a cúpula central — diferentemente das outras duas — nunca havia sido restaurada. A sua recuperação exigiu cuidados extras. Além do rapel do lado externo, internamente a solução foi construir uma plataforma suspensa, a fim de ter acesso às paredes. O peso do andaime tradicional poderia colocar em risco a laje, por isso, o engenheiro calculista projetou uma estrutura independente, quase flutuante.

Preciosidades no acervo da instituição

A bicentenária Coleção do Museu Nacional de Belas Artes se originou de três conjuntos de obras distintos: as pinturas trazidas por Joaquim Lebreton, chefe da Missão Artística Francesa, que chegou ao Rio de Janeiro, em 1816; os trabalhos pertencentes ou aqui produzidos pelos membros da Missão, entre os quais se destacam Nicolas-Antoine Taunay, Jean-Batiste Debret, Grandjean de Montigny, Charles Pradier e os irmãos Ferrez; e as peças da Coleção D. João VI, deixadas por este no Brasil, ao retornar a Portugal, em 1821.

Percorrendo suas galerias, o visitante pode vislumbrar, como em poucos espaços culturais do país, a história das artes plásticas no Brasil desde os seus primórdios até a contemporaneidade. 

Com mais de 60 metros quadrados, o quadro Batalha do Avaí, de Pedro Américo, é a maior pintura de cavalete da história da arte brasileira. Foi pintado nove anos após o confronto, um dos principais da Guerra do Paraguai, ocorrido em dezembro de 1868.

Na gigantesca pintura a óleo sobre tela, de 1879, Vítor Meireles retrata a Batalha de Guararapes, um confronto militar ocorrido em dois momentos (em 1640 e 1649), entre as tropas do império português e o exército da Holanda, na então Capitania de Pernambuco.

A Primeira Missa no Brasil, de Vítor Meireles, é um dos quadros mais famosos da história da arte brasileira. A tela foi pintada entre 1859 e 1861, quando o artista vivia em Paris. A Carta de Pero Vaz de Caminha foi a fonte fundamental de inspiração.

MNBA foi palco da primeira sessão plenária do Crea-RJ

O Museu Nacional de Belas Artes tem um papel especial na história do Crea-RJ. Em 5 de junho de 1934, o Engenheiro Civil Dulphe Pinheiro Machado presidiu a primeira sessão plenária do Conselho da 5ª Região, que viria a se tornar o atual Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Rio de Janeiro. Naquele dia, quando deu posse aos primeiros diretores, onde hoje é o Museu Nacional de Belas Artes, ele afirmou que ali “tinha início uma nova era”. Desde então, o trabalho diário do Crea-RJ tem sido o de assegurar que as Engenharias, a Agronomia e as Geociências sejam praticadas dentro da legalidade, por profissionais tecnicamente habilitados, contribuindo, assim, para o bem-estar da população

O Crea-RJ parabeniza o Museu Nacional de Belas Artes por seus 116 anos e por sua importância para a cultura brasileira e, principalmente, para a cidade do Rio de Janeiro. 

Fonte: Ibram e O Globo

Museu Nacional de Belas Artes comemora 116 anos