Fanny Rachel Davidovich e Pedro Pinchas Geiger serão os homenageados na primeira edição do Prêmio Orlando Valverde do Mérito da Geografia Crea-RJ

O Crea-RJ, por meio de sua Câmara Especializada de Agrimensura, criou em 2024 o Prêmio Orlando Valverde do Mérito da Geografia, com o objetivo de expressar reconhecimento a pessoas, instituições, entidades ou empresas que tenham se destacado por suas posições, ações, trabalhos, estudos e projetos na área.

A premiação, que leva o nome do geógrafo fluminense Orlando Valverde - referência de profissional que dedicou sua vida à pesquisa geográfica, homenageará, em sua primeira edição, a geógrafa Fanny Rachel Davidovich e o geógrafo Pedro Pinchas Geiger, ambos centenários, em atividade e focados na produção de conhecimento e no desenvolvimento da Geografia no Brasil.

Os profissionais trabalharam juntos por décadas no IBGE, concentrados, especialmente, na área da Geografia Urbana. Além de suas contribuições acadêmicas, envolveram-se ativamente em iniciativas de divulgação científica e de promoção do diálogo entre a academia, o setor público e a sociedade civil. 

O evento será dia 12 de dezembro, às 16h, no auditório do 4º andar da sede do Crea-RJ. 

Conheça Fanny Rachel Davidovich e Pedro Pinchas Geiger

Fanny Rachel Davidovich graduou-se e licenciou-se em Geografia e História, em 1942, pela Faculdade Nacional de Filosofia, da então Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Diplomou-se também em cursos de Especialização, destacando-se o de Geografia Urbana pela UFRJ e o de Estatística, pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE. 

Seu primeiro ingresso no IBGE deu-se em 1941, onde permaneceu até 1942. Retornou somente em 1960, como estagiária, tendo sido efetivada em 1962. No Departamento de Geografia teve expressiva atuação até aposentar-se em outubro de 1992. Fanny participou da elaboração do pensamento geográfico regional, atuando na definição e delimitação dos espaços homogêneos e espaços polarizados.

Como relatora da excursão ao Vale do Rio Doce, organizada por Francis Ruellan, construiu o aprendizado da disciplina para o desempenho das atividades de campo. Dedicou-se aos estudos de Geografia da Indústria, tema recorrente em suas pesquisas, e que incluem, entre outros estudos, o de Geografia Urbana. A geógrafa produziu Tipos e Cidades Brasileiras, apresentado no Congresso Internacional de Londres, além de trabalhos inovadores sobre aglomerações urbanas e escala de urbanização. 

Após sua aposentadoria em 1992, Fany continuou produzindo e participando de agências e programas de governo, congressos e parcerias com universidades. Atuou como Consultora ad hoc no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano Regional/UFRJ (1995-2006), e como bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (1994-2005). Reconhecida nacional e internacionalmente, sua contribuição à Geografia Urbana transcende o campo geográfico. 

Foi professora em diversas instituições acadêmicas no Brasil, onde colaborou na formação de novas gerações de geógrafos. Além da docência, desempenhou um papel importante em projetos de mapeamento e análise espacial, contribuindo para a elaboração de políticas públicas e para o planejamento territorial no Brasil.  

Sua atuação inclui participação em conferências e congressos, onde apresentou trabalhos que contribuíram para o debate sobre desenvolvimento urbano sustentável, conservação ambiental e os desafios da urbanização. Em reconhecimento ao seu trabalho, foi homenageada por diversas instituições acadêmicas e profissionais no Brasil.

Aos 102 anos, Fanny Rachel Davidovich é considerada uma das principais especialistas no campo da Geografia Urbana no país. Ao longo de sua carreira, manteve uma abordagem interdisciplinar, integrando a Geografia com outras áreas do conhecimento para propor soluções inovadoras para problemas ambientais e urbanos.

Pedro Pinchas Geiger graduou-se em Geografia pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP, em 1943. Aprofundou seus conhecimentos, ingressando no programa de mestrado na Universidade de Oxford, no Reino Unido, onde concentrou suas pesquisas na área de Geografia Urbana e Planejamento Territorial. Em 1970, concluiu seu doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Considerado um dos principais pesquisadores da segunda geração do Conselho Nacional de Geografia do IBGE, onde ingressou em 1942, Geiger especializou-se em Geografia Urbana e Industrial. Inicialmente, trabalhou na área de Geografia Física, mas, pouco a pouco, orientou suas pesquisas para os campos da urbanização e da industrialização, inaugurando uma nova linha de pesquisa, que se preocupou com as transformações econômico-sociais ocorridas nas áreas rurais periféricas aos grandes centros urbanos. Os estudos sobre os processos de ocupação rural-urbana desenvolvidos na Baixada Fluminense (RJ), entre 1951 e 1953, são os exemplos mais característicos. 

Possui uma valiosa produção com mais de 70 títulos, entre livros e artigos em revistas especializadas. Na década de 1970, engajou-se no movimento chamado Geografia Quantitativa, que vigorou fortemente no IBGE e no Departamento de Geografia da Universidade Estadual Paulista – UNESP de Rio Claro. Após aposentar-se, em 1984, intensificou suas atividades acadêmicas como Professor Visitante na Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994-1995).

Além de suas contribuições acadêmicas, o professor Geiger também se envolveu ativamente em iniciativas de divulgação científica e promoção do diálogo entre a academia, o setor público e a sociedade civil. Ministrou palestras em conferências internacionais, participou de debates em programas de televisão e publicou artigos em revistas científicas renomadas. 

Aos 101 anos, Pedro Pinchas Geiger segue como defensor incansável de uma abordagem interdisciplinar, destacando a necessidade de integrar diferentes áreas do conhecimento para uma compreensão mais completa dos desafios socioespaciais. Seu trabalho tem ajudado a expandir as fronteiras da Geografia, mostrando como a disciplina pode ser aplicada em diferentes contextos e contribuir para a compreensão da sociedade.  

 

Fanny Rachel Davidovich e Pedro Pinchas Geiger serão os homenageados na primeira edição do Prêmio Orlando Valverde do Mérito da Geografia Crea-RJ