Dia Internacional das Mulheres na Ciência

Em 11 de fevereiro, é comemorado o Dia Internacional das Mulheres na Ciência. A data foi definida em 22 de dezembro de 2015, na Assembleia Geral das Organizações Unidas (ONU), com o objetivo de conscientizar a sociedade e destacar a importância da igualdade de gênero no conhecimento científico. 

A ideia da celebração é também contribuir para dar visibilidade ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 (ODS-5) da Agenda 2030 da ONU, que busca alcançar a igualdade de gênero e dar poder às mulheres e meninas para realizarem seu potencial criativo. A igualdade de gênero é uma prioridade global da UNESCO. O apoio a jovens meninas, sua formação e suas habilidades plenas para fazer com que suas ideias sejam ouvidas, impulsionam o desenvolvimento e a paz.

Segundo a UNESCO, a porcentagem média global de pesquisadoras é de 33,3%, e apenas 35% de todos os estudantes das áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, na sigla em inglês) são mulheres. Os números demonstram como ainda persistem barreiras e baixa representatividade para as mulheres e meninas, sobretudo em áreas consideradas predominantemente masculinas.

No Brasil, os dados divulgados pela terceira edição do estudo Estatística de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, em 2023, do Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a desigualdade de rendimentos do trabalho era maior entre os profissionais das ciências e intelectuais. Neste grupo, elas receberam 63,3% do rendimento dos homens, em razão do rendimento habitual, ou seja, enquanto a média salarial desses homens é de R$7.268,00, a das mulheres chega apenas a R$4.600,00. 

Segundo o mesmo estudo,  embora sejam maioria no acesso ao nível superior de ensino - sendo de 21,3% contra 16,8% dos homens - as mulheres ainda enfrentam barreiras nos cursos das áreas de CTEM (Ciências, Tecnologias, Engenharias, Matemática), evidenciando o estigma social do gênero, como o pensamento de que as mulheres não são racionais, mas dotadas de emoções e que não correspondem às áreas exatas.

Mulheres para se inspirar 

Apesar das dificuldades e barreiras impostas socialmente, algumas mulheres foram pioneiras em conquistar seu espaço nas ciências, abrindo portas e mostrando como a diversidade contribui para o avanço e desenvolvimento de ferramentas que compõem o nosso cenário atual, tornando-se indispensável. 

  • Bertha Lutz: Referência da zoologia brasileira, Bertha identificou a Liolaemus Lutzae, conhecida como lagartixa de praia, sendo uma espécie de réptil endêmica das restingas do Rio de Janeiro. Em 1919, se tornou pesquisadora do Museu Nacional do Rio de Janeiro e participou da Conferência das Nações Unidas em São Francisco, em 1945, para que a igualdade de gênero fosse incluída na Carta das Nações Unidas. Em 1975, ano do Dia Internacional da Mulher, estabelecido pela ONU, Bertha foi convidada pelo governo brasileiro a integrar a delegação do país no primeiro Congresso Internacional da Mulher, realizado na capital do México.
  • Enedina Alves Marques: foi a primeira engenheira negra do Brasil. Formada em 1945, ela se graduou em Engenharia Civil na Universidade Federal do Paraná (UFPR), rompendo padrões acadêmicos e sociais impostos. Foi a primeira a chefiar a Divisão de Engenharia da Secção de Estatística do Estado do Paraná. Ganhou destaque e reconhecimento, a nível nacional, ao projetar a Usina Hidrelétrica Capivari Cachoeira. 
  • Jaqueline Goes: a biomédica brasileira foi responsável por sequenciar o genoma do SARS-CoV-2 após 24 horas do primeiro caso registrado no Brasil. Ela quem coordenou a equipe de cientistas do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Universidade de São Paulo (Universidade de São Paulo).
  • Maria Odília Teixeira: Primeira médica negra brasileira, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia em 1904 e foi a única mulher entre os 48 alunos da turma. Pioneira, ela desmistificou questões ligadas ao racismo científico, e também lecionou obstetrícia na universidade que se formou.    
  • Marie Curie: não somente descobriu os elementos químicos Rádio e Polônio em 1898 na Academia Francesa de Ciências, mas revolucionou os estudos da radioatividade, contribuindo para o tratamento contra o câncer. A polonesa também foi a primeira mulher a ser contemplada com o Prêmio Nobel duas vezes. O primeiro foi o de Física pela sua contribuição na radioatividade, descobrindo que as radiações emitidas pelo urânio eram de dentro do átomo, e o segundo de Química pela descoberta dos dois elementos químicos.
  • Nise da Silveira: médica psiquiatra reconhecida mundialmente por sua contribuição à psiquiatria, revolucionou o tratamento mental no Brasil. Dedicou sua vida ao trabalho com pessoas com transtornos mentais, manifestando-se radicalmente contra as formas que julgava serem agressivas em tratamentos como o confinamento em hospitais psiquiátricos, eletrochoque, insulinoterapia e lobotomia.
  • Sônia Guimarães: primeira mulher negra doutora em física e professora do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), é também ativista na luta contra o racismo e na discriminação de gênero. Ela desenvolveu tecnologias baseadas em semicondutores, que são materiais essenciais para a fabricação de dispositivos eletrônicos. Nesse processo, a pesquisa de Guimarães trouxe a primeira patente brasileira para o uso de sensores infravermelhos em mísseis. 
  • Thelma Krug: graduada na Roosevelt University, nos Estados Unidos, e doutora em estatística espacial pela Universidade de Sheffield, na Inglaterra, Thelma Krug é pesquisadora brasileira com foco em mudanças climáticas, considerada um das autoridades mundiais nos estudos de clima e florestas.
  • Viviane dos Santos: Formada em Bioquímica e em Engenharia Química na Delft University of Technology, desenvolveu catalisadores metálicos nanoestruturados contendo um ou mais elementos, produzidos através do método conhecido por spark generation and inertial impaction, que oferece a possibilidade de misturar metais até a escala atômica. Os catalisadores preparados através desse método podem ser utilizados na produção de energia alternativa e no controle ambiental.

O Crea-RJ comemora o Dia Internacional das Mulheres na Ciência e reconhece a data como um marco importante e, apesar das conquistas e avanços ao longo dos anos,  mais espaços ainda precisam ser implementados com maior diversidade  e com igualdade de gênero. Assim, a ciência avança com todos e para todos no progresso da sociedade, ampliando as perspectivas de desenvolvimento. 

 

Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e Fiocruz

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