Dia Mundial do Rádio

13 de fevereiro é o Dia Mundial do Rádio. A data foi criada oficialmente em 2011 pela Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura (Unesco), em homenagem à primeira emissão de um programa da Rádio das Nações Unidas (United Nations Radio), em 13 de fevereiro de 1946, e tem como objetivo conscientizar o acesso à informação e à expressão por meio do rádio, sejam eles grandes grupos radiofônicos ou sejam as rádios comunitárias, e valorizar os comunicadores e seus ouvintes. 

Apesar da criação e avanço tecnológico de outros veículos, o rádio ainda é um meio de comunicação que se faz presente em diversos lugares devido a sua facilidade em ser acessado. A proximidade das emissoras e comunicadores na transmissão da informação de forma instantânea cria um vínculo direto com o ouvinte. O rádio faz parte do cotidiano das pessoas, especialmente em um país continental como o Brasil, tornando-se um companheiro de todas as horas e um importante meio de informação, entretenimento e uma ferramenta de combate às notícias falsas. 

Ele também é um espaço para diversas vozes se manifestarem, serem representadas e ouvidas de modo democrático. As estações de rádios oferecem uma ampla variedade de programas, de conteúdo e pontos de vista, refletindo a diversidade de seu público. O rádio tem acompanhado a evolução tecnológica, permanecendo inclusivo e representativo, considerando sua capilaridade e a natureza dos serviços de comunicação de caráter local que prestam ao bairro ou comunidade atendida. As rádios comunitárias e educativas são instrumentos importantes que respondem facilmente ao apelo do público por diversidade na redação e no conteúdo editorial. 

O rádio dá a todos, independentemente do nível de instrução, a chance de participar. Além disso, o rádio também é essencial em situações de emergência para o acesso a informações confiáveis, mesmo nos dias de hoje, já que os desastres podem atingir a infraestrutura ou a eletricidade e, assim, interromper outros sistemas de comunicação, como o fornecimento de Internet. 

Um público informado, com competências de Alfabetização Mediática e Informacional – AMI, também é necessário, para que os ouvintes descubram, consumam e respondam criticamente ao conteúdo que ouvem. Cada vez mais, as emissoras de rádio estão incluindo programas de alfabetização midiática e informacional em sua programação, de modo que seus ouvintes possam apreciar as informações e as notícias de qualidade que as rádios oferecem a essas pessoas.

O Dia Mundial da Rádio é o resultado de um extenso processo de consulta que envolve todas as partes interessadas: associações de radiodifusão; rádios públicas, comerciais, comunitárias e internacionais; instituições, agências, programas e fundos das Nações Unidas; ONGs; universidades; fundações e agências bilaterais de desenvolvimento, bem como Comissões Nacionais da UNESCO e Delegações Permanentes que representam os seus Estados-membros – relativamente a uma proposta apresentada pela Academia Espanhola de Rádio.

Breve história do rádio

No contexto da Revolução Industrial, século XVIII, com as mudanças na configuração das cidades com o crescimento urbano, uma comunicação direta e abrangente era necessária, e foi nesse cenário que as pesquisas sobre o som começaram a ser desenhadas, levando a sua condução sem que fosse preciso o olho humano acompanhar sua trajetória. Assim, vários nomes contribuíram para a sua descoberta, de ser transmitido de um receptor para outro. Quem recebeu todos os créditos foi o italiano Guglielmo Marconi, mas em 1864, o físico escocês James Clerk Maxwell, lançou a teoria que uma perturbação eletromagnética se propagava no espaço vazio atraída pelo éter. 

Em 1887, o alemão, Heinrich Rudolf Hertz, inspirado na teoria de Maxwell criou um aparelho com duas varinhas metálicas de 8 cm a uma distância de 2 cm uma da outra. As varinhas geraram ondas entre elas que viajavam a 300 mil Km por segundo e foram chamadas de ondas hertzianas. 

Já Marconi em 1895 repetiu a experiência de Hertz, transmitindo os sinais através do éter. Marconi conseguiu descobrir o princípio do funcionamento da antena guiando as ondas através do espaço. Em 1896, ele enviou mensagens de Dover (Inglaterra) para Vimeux (França) em código Morse, numa distância de 32 milhas numa velocidade de 20 palavras por minuto. Logo depois ele conseguiu enviar uma mensagem de S.O.S. a uma distância de mais de 140 Km e transmitiu sinais de telégrafo sem fio. 

Em 1908, foram construídas as primeiras válvulas e as válvulas ampliadoras. No início da década de 20 um jovem empregado da Westinghouse,  Frank Conrad construiu um transmissor, sempre o testando nas suas horas de folga e tocando discos em uma garagem em  Pittsburgh, na cidade da Pensilvânia. Aos poucos, as pessoas que possuíam rádios amadores foram se tornando um público fiel ao passatempo de Conrad e começaram a escrever para ele pedindo suas músicas favoritas. 

Depois disso, algumas lojas de Pittsburgh começaram a vender aparelhos receptores de rádio “especialmente adaptados” para ouvir a Westinghouse Station. Em 2 de novembro a Westinghouse implantou a KDK-A que transmitiu as eleições presidenciais americanas daquele ano. Os resultados das urnas eram imediatamente passados à emissora, que os narrava. O rádio já se transformava em um fenômeno relevante na formação da opinião pública americana, com um rápido crescimento no território estadunidense. 

De quatro emissoras no começo de 1921, os Estados Unidos já em 1922 contava com mais de 300 estações de rádio. Com a mesma rapidez que a influência norte-americana crescia no mundo, o rádio igualmente se espalhou. Na Europa, a maioria dos países decidiu que o rádio era de utilidade pública e deveria ficar nas mãos do estado como sociedade independente de direito público, que é o caso da BBC de Londres. No continente americano, as concessões foram cedidas pelo governo a iniciativas particulares. Durante toda a década de 20 o rádio ia se expandindo e se consolidando em vários países do mundo. 

O rádio no Brasil

No Brasil, quem é considerado o inventor do rádio é o padre Landell de Moura. Por arquivos, como consta no livro Histórias que o rádio não contou, de Reynaldo Tavares, a descoberta foi anterior à de Marconi, mas não recebeu seus créditos por ter sido considerado louco para a sua época e a Igreja Católica também foi contra as suas pesquisas, tendo até seu local de trabalho incendiado. 

E o título de "pai do rádio" é atribuído ao cientista e educador Roquette-Pinto, que esteve à frente de uma das primeiras transmissões de rádio realizadas em 7 de setembro de 1922, no Rio de Janeiro. Na ocasião, foi transmitido o discurso do então presidente da república, Epitácio Pessoa. Os aparelhos receptores estavam instalados em Niterói, Petrópolis e São Paulo. Um ano depois, Roquette-Pinto fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, atual Rádio MEC. Porém, anos antes (1919) a Rádio Club Pernambuco já realizava uma transmissão inédita, de forma experimental, ainda que sem grande repercussão.

O rádio chegou à casa das pessoas a partir da década de 1930. Em 1932, Getúlio Vargas sancionou uma lei que autorizava a transmissão de propaganda pelas emissoras: foi o incentivo que faltava. Empresas começaram a investir e os aparelhos de rádio ficaram mais baratos. Nas emissoras, a música popular e os programas de entretenimento ganharam espaço. Quando a televisão chegou ao Brasil, em 1950, parecia que viria a substituir o rádio de forma definitiva, mas as telenovelas são uma herança do rádio, as radionovelas. E até hoje o rádio é uma tradição da comunicação, presentes nos lares das famílias brasileiras, independentemente da renda e posições políticas. 

O Crea-RJ parabeniza todos os radialistas, comunicadores que levam informações com qualidade para seus ouvintes, criando novos imaginários na sociedade contemporânea através das ondas sonoras, mostrando a diversidade de culturas e possibilidades para a construção de um futuro melhor. 

Fontes: Unesco e Governo Federal