Mercado Municipal de Niterói é reconhecido como patrimônio histórico imaterial do estado do Rio de Janeiro

O Mercado Municipal de Niterói foi oficialmente reconhecido como patrimônio histórico, cultural, turístico, gastronômico e imaterial do estado do Rio de Janeiro. O evento aconteceu no dia 7 de fevereiro, no próprio saguão do prédio histórico, localizado na Avenida Feliciano Sodré, número 488, no Centro de Niterói, reunindo diversas autoridades. Como patrimônio, o Mercado Municipal entra no roteiro turístico nacional, ampliando o potencial econômico da cidade.

 

Em dezembro de 2023 o Mercado Municipal se tornou Patrimônio Histórico e Cultural do estado do Rio de Janeiro, mas desde sua abertura o local vem fomentando os segmentos de turismo de eventos, cervejeiro e cultural (arquitetura e história do prédio), mas principalmente o turismo gastronômico e de experiência.

Trajetória histórica do Mercado Municipal de Niterói

Em julho de 1934, a Prefeitura Municipal, na gestão Gustavo Lira, assumiu a responsabilidade pela construção da obra, que teve seu edital de concorrência publicado nos jornais do Rio de Janeiro em julho de 1934. A obra viria ser iniciada no final de 1934 pela empresa E.Kemnitz & Cia., sendo o principal responsável pela obra da administração municipal o engenheiro Adalberto Alvares de Castro.  

A obra levou quatro anos para ser concluída, com diversas mudanças no projeto e dificuldades de financiamento da mesma por parte do poder público. O projeto inicialmente elaborado pelo engenheiro do governo do estado, Antonio Alves Meira Júnior, foi modificado quando Brandão Júnior assumiu a Prefeitura pela primeira vez, em 1935. O Prefeito à época acreditava que o projeto deveria ter mais destaque, e para isso contratou o arquiteto alemão Ricardo Wriedt, um dos expoentes do Art Déco no Brasil, que adaptou a obra já em andamento para o estilo.

O Mercado Municipal Feliciano Sodré é um antigo edifício na Avenida Feliciano Sodré, entre a Rua Presidente Castelo Branco e a Avenida Washington Luiz, no Centro de Niterói. Inaugurado em 1938 por Getúlio Vargas, o Mercado Municipal inscreveu na cidade uma arquitetura sintonizada com as tendências internacionais do Art Déco e traços neoclássicos.  O imóvel compõe o conjunto arquitetônico da região portuária de Niterói, erguida durante o período histórico chamado de renascença fluminense. 

O imóvel já serviu de base para a Ceasa

O imóvel tem uma área de cerca de 9.700 metros quadrados. O prédio abrigou o referido Mercado, até ser desativado em 1976 e a partir da década de 1980 passou a abrigar o Depósito Público Estadual.  O local também serviu de base para a Ceasa - Centrais de Abastecimento - e um centro de assistência social. 

Em 2013, a Prefeitura incluiu o Mercado Feliciano Sodré dentro do Plano Estratégico Niterói Que Queremos (NQQ) 2013-2033, como uma das estratégias para dinamização da economia local, como pólo de turismo e de geração de emprego, trabalho e renda no município, além de contribuir para a renovação da área urbana no seu entorno.

O prédio foi municipalizado pela Prefeitura de Niterói, que lançou uma Parceria Público Privada (PPP) para a reforma e gestão do espaço por 25 anos. O consórcio Novo Mercado, vencedor da licitação, investiu cerca de R$69 milhões em três anos, sendo R$30 milhões no prédio histórico.

Reabertura

No dia 27 de julho de 2023, o Mercado Municipal de Niterói foi reaberto após sua restauração em retrofit, ou seja, termo comumente utilizado na Engenharia para designar o processo de modernização de edifícios antigos, preservando suas características históricas enquanto atualiza a infraestrutura e sistemas para atender às normas e necessidades da contemporaneidade. 

  

O Mercado tem 9.700 metros quadrados e 172 lojas divididas entre: gastronomia, decoração, cervejaria, charcutaria, peixaria, artesanato, queijaria e hortifruti. A revitalização incluiu intervenção urbanística e paisagística no entorno do mercado e envolveu a reestruturação viária do local, a criação de um novo pólo turístico e entretenimento, geração de empregos e renda para o município. 

Outros patrimônios imateriais do Rio de Janeiro

Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas). A Constituição Federal de 1988, em seus artigos 215 e 216, ampliou a noção de patrimônio cultural ao reconhecer a existência de bens culturais de natureza material e imaterial.  

O patrimônio imaterial é transmitido de geração a geração, constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.

Confira

Escolas de Samba: Um decreto de 2008 tornou as escolas de samba do Rio patrimônio imaterial da cidade, com a justificativa de que os desfiles refletem a alegria e irreverência da população carioca.

Cordão do Bola Preta: Fundado em 1918, o tradicional bloco de carnaval carioca que arrasta milhões de foliões pelas ruas do Centro durante o carnaval foi considerado patrimônio da cidade em 2007.

Obra literária de Machado de Assis: Composta por livros como "Dom Casmurro", "Quincas Borba", "Memórias póstumas de Brás Cubas" e "A mão e a luva", a obra literária do escritor carioca Machado de Assis (1839-1908) entrou na lista de bens culturais do Rio por decreto de 2008.

Beco das Garrafas: Berço da Bossa Nova, o local, que fica em Copacabana, recebeu shows de artistas como Elis Regina, Alaíde Costa e Wilson Simonal entre as décadas de 1950 e 1960, se tornando um point de boêmios na época. Ficou conhecido como Beco das Garrafas pelo hábito de moradores dos prédios atirarem garrafas nos frequentadores que viravam a noite nos bares dali, na travessa sem saída. 

Feira de São Cristóvão: A prefeitura do Rio declarou o Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas patrimônio cultural dos habitantes da cidade do Rio de Janeiro, preservando o espaço e as características nordestinas que o local representa e conserva. O pavilhão abriga cerca de 700 barracas com comida típica, ingredientes e temperos da culinária regional, artesanato e objetos do folclore nordestino. O comércio é animado por trios e bandas, grupos de dança, cantores e poetas populares. 

Fontes: O Globo; Prefeitura de Niterói; Agência Brasil; Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Mercado Municipal de Niterói é reconhecido como patrimônio histórico imaterial do estado do Rio de Janeiro