
Em outubro de 2024, a Basílica Santuário da Penha recebeu seu mapeamento 3D com o objetivo de preservar a memória da igreja para futura divulgação turística, restauro e gestão de edificação. Os dados coletados serão apresentados no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da aluna Heloísa Macieira, da graduação em Engenharia Cartográfica, sob orientação dos professores Samir de Souza Oliveira Alves e Luiz Carlos Teixeira Coelho Filho, com previsão para defender em dezembro deste ano.
De acordo com Alves, a ideia central foi aplicar diferentes métodos de levantamento 3D para obter informações tridimensionais de toda a estrutura da Basílica, popularmente conhecida como Igreja da Penha.
O mapeamento 3D
Os mapeamentos possuem a finalidade de reconstruir digitalmente a realidade. No projeto da Basílica, há a edificação da Igreja da Penha com todos os detalhes arquitetônicos, além dos objetos que compõem o espaço como o altar, imagens, entre outros elementos. A partir de diferentes métodos de levantamento é possível obter dados sobre esses elementos, como medidas, cores e texturas.

Assim, o trabalho de campo incluiu quatro levantamentos simultâneos:
- um fotogramétrico, a partir de um drone, com o qual foram obtidas imagens de todas as fachadas para elaboração de um modelo 3D da parte externa;
- um por varredura com um Laser Scanner Terrestre (LST) da parte interna, com o qual foram geradas nuvens de pontos coloridos e imagens panorâmicas para a construção de navegação indoor;
- um GNSS (Global Navigation Satellite System), método de posicionamento que utiliza satélites para determinar a localização de um ponto, para o rastreio de pontos de apoio ao levantamento fotogramétrico;
- e um topográfico de alvos externos e internos.
Esse último levantamento foi fundamental para que, futuramente, seja possível unir os dados dos quatro levantamentos realizados, formando um modelo 3D completo da edificação.
Legado digital do patrimônio histórico
Para otimizar o mapeamento, Heloisa Macieira mobilizou o trabalho em equipe com 11 colegas do curso para ajudar a carregar equipamentos e realizar as medições. A escolha da igreja também foi um desafio para Macieira, já que sua ideia era alinhar o propósito técnico e simbólico em seu projeto, representando sua fé e relevância histórica e cultural para a cidade do Rio.
Heloisa percebeu que a tecnologia de laser scanner tem ganhado cada vez mais espaço no mercado, especialmente após tragédias como o incêndio no Museu Nacional, em 2018. Ela observou que essa técnica poderia ter viabilizado a reconstrução completa do patrimônio, preservando a realidade do espaço. Esse episódio motivou a criação do mapeamento 3D da Igreja da Penha.

História de devoção
Ponto turístico e religioso, a Igreja da Penha fica no alto de um penhasco no bairro de mesmo nome, na Zona Norte do Rio. Famosa pelos 382 degraus que atraem peregrinos e pagadores de promessas, a igreja tem grande importância cultural para a cidade.
Sua construção data do século XVII e um milagre teria originado a primeira capela ali erguida. Ao ser atacado por uma serpente, o proprietário das terras, Baltazar de Abreu Cardoso, rogou à Nossa Senhora que o salvasse. Grato pelo milagre, ergueu no local uma pequena capela dedicada à santa.
A obra da escadaria foi iniciada no início do século XIX. Em narrativa popularmente difundida, a esposa de um casal com dificuldade para ter filhos, Maria Barbosa, prometeu a construção do acesso ao templo após conseguir engravidar.
As escadas só foram concluídas no ano de 1819, tornando tão conhecido o local e popularizando a prática de subir, muitas vezes, de joelhos, o penhasco como pagamento de promessas. Ao longo do século XX, o espaço recebeu diversas reformas e ampliações, tendo sido elevado à categoria de Basílica Santuário da Penha pelo Papa Francisco em 2016.
Fonte: Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj)