Dia do(a) Engenheiro(a)

Em 11 de dezembro, é comemorado o Dia do(a) Engenheiro(a). A data foi escolhida devido à regularização da profissão e à criação do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), assim como os Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (Creas), no dia 11 de dezembro de 1973, por meio do Decreto 23.569, de 1933. 

O Sistema Confea/Crea é responsável pela verificação, fiscalização e evolução do exercício e das atividades profissionais de Engenharia, Agronomia e Geociências, como também atuam pelo desenvolvimento dessas áreas para a sociedade. As suas competências, tanto em nível federal quanto regional, estão dispostas na Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966. 

Os(as) engenheiros(as) são profissionais que desenvolvem a inovação, a técnica e a criação de serviços e produtos indispensáveis para a sociedade, facilitando e otimizando cada vez mais o dia-a-dia. Até 2020, desde a criação do Sistema em 1936, foram registrados o total de 931.838 mil engenheiros e engenheiros Agrônomos.  

Em pesquisa realizada pelo Fórum Econômico Mundial, em 2015, a Rússia aparecia como o país que mais formava engenheiros no mundo, com 454.436 graduados. No ranking, a China ficou em segundo lugar com 420.387 e os Estados Unidos em terceiro, com 237.826. Os números refletem o investimento em ciência e tecnologia nesses países, principalmente nos emergentes, com incentivos que vêm de programas políticos e econômicos.

O Brasil, mesmo apresentando crescimento, em referência à década de 1990, quando apenas 42 mil engenheiros se formaram no período, ainda encontra-se em desvantagem. Em 2017, se formaram 114.379 engenheiros, o que impacta diretamente no desenvolvimento técnico-científico do Brasil, deixando-o atrás de países, como o Irã, 233.695 engenheiros, e a Indonésia, com 140.169.

Graduação

O curso de Engenharia oferece bacharelado e possui duração média de cinco anos. Trata-se de uma jornada que prepara os estudantes para se tornarem profissionais qualificados em elaborar, projetar, construir e aprimorar estruturas e sistemas. Matemática é a base da Engenharia, assim como Física e Química. A aptidão em resolver problemas e ter pensamento crítico também se tornam essenciais a serem aprimoradas, já que constantemente a profissão lida com desafios substanciais e é necessário soluções inovadoras para ultrapassá-los. 

Os alunos também têm a oportunidade de realizar estágios em setores como o da indústria, da construção civil e de energia, onde podem aplicar seus conhecimentos teóricos em situações reais e cotidianas, desenvolvendo, assim, habilidades práticas e elaborar novas tecnologias e sistemas que impactam no desenvolvimento social e econômico da sociedade. 

O curso de Engenharia foi regulamentado pelo Ministério da Educação - MEC e as atividades desempenhadas pelos profissionais formados na área foram normatizadas pela Resolução N°473, publicada em 26 de novembro de 2002, do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea). 

Algumas áreas da Engenharia

- Engenharia Acústica: este(a) engenheiro(a) está designado(a) a trabalhar com modulações de som e vibrações, controlando níveis de ruído para o bem-estar dos indivíduos. Também produzem, transmitem e recebem o som, o reproduzindo de acordo com os ambientes (de estádios a uma sala de cinema), pensando em seus impactos positivos e negativos. Desenvolvem softwares para a otimização acústica e transmissão sonora.

- Engenharia Biomédica: é a área da engenharia que se propõe a implantar, projetar e desenvolver máquinas e softwares da saúde, tanto em diagnósticos quanto no tratamento. Aprimoram sistemas biológicos e médicos, relacionando conhecimentos em medicina, biologia e e própria engenharia. Esse tipo de engenheiro(a) pode atuar em hospitais, clínicas, indústrias e em centros de pesquisa. 

- Engenharia Civil: voltado para o planejamento, projeto, construção e manutenção de infraestruturas essenciais, como edifícios, estradas, pontes e sistemas de água e esgoto, os profissionais de Engenharia Civil são fundamentais na segurança, funcionalidade e sustentabilidade das obras. Relevantes para o crescimento urbano e rural, asseguram que toda população tenha acesso a serviços básicos de infraestrutura de forma adequada.

- Engenharia Sanitária: por meio da exploração e no uso racional da água, nos projetos e nas obras de saneamento básico e de saneamento geral, esses profissionais realizam o desenvolvimento de planos para a construção de sistemas de abastecimento de água, drenagem, irrigação pluvial e limpeza urbana e de resíduos, além de realizar inspeções e vistorias sanitárias.

- Engenharia de Pesca: realizam coordenação, vistorias, orientação técnica e estudos para melhor aproveitar os recursos naturais e dos seres aquáticos. Esses(as) engenheiros(as) atuam na cultura, industrialização e utilização biológica de mares, lagos e cursos d´águas. Também criam, armazenam, transportam peixes e outros organismos do ambiente marinho, e elaboram meios de aumentar a atividade pesqueira, assim como participam do controle microbiológico e no melhoramento genético desses seres vivos.

- Engenharia Elétrica: é a área encarregada pela geração, desenvolvimento, transmissão e distribuição da energia elétrica e seus sistemas. São importantes nas atividades ligadas à geração da eletricidade e à implementação das redes de telecomunicações; inspecionam o funcionamento de usinas e redes de alta tensão para que o fornecimento de energia não seja interrompido; atuam no desenvolvimento sustentável ao utilizar energia renovável e limpa, como nos sistemas de energia solar fotovoltaica (uso de paineis para captar a luz proveniente do sol), eólicos (a partir da força dos ventos) e maremotriz (movimento das marés, correntezas e ondas).

Pós-Graduação

A pós-graduação em Engenharia, assim como o mestrado e o doutorado, oferece uma gama de oportunidades para que o profissional possa se desenvolver e melhorar suas habilidades técnicas e teóricas em diversas áreas. O(A) engenheiro(a) pode se especializar em: 

- Engenharia de Energia Renováveis: neste segmento, o(a) engenheiro(a) desenvolve soluções sustentáveis que preservam e aproveitam recursos naturais, dando viabilidade técnica e econômica para criar projetos de energias renováveis, como solar, eólica, geotérmica e oceânica, entre outras. Também avaliam impactos ambientais para implementar essas soluções, com análises de viabilidade e assessoria em políticas de energia renovável. 

- Engenharia de Segurança no Trabalho:  neste segmento, é desenvolvido programas de prevenção e supervisão em instalações, máquinas e equipamentos, emissão de laudos técnicos ao identificar e corrigir possíveis erros que colocam a integridade de funcionários em perigo. Esses profissionais estudam aspectos ergonômicos, psicológicos e médicos, vistoriando também níveis de exposição a agentes que causam danos à saúde como poluentes atmosféricos, calor, barulhos, radiação e alterações na pressão.

- Engenharia de Software: é a área que cria, otimiza e testa softwares, assegurando sua eficiência, funcionalidade, eficácia e qualidade. Seus estudos se voltam para linguagens de programação, segurança da informação, manutenção evolutiva, desenho computacional, tratamento de dados, algoritmos e design de softwares, por exemplo. Na área de pesquisa, podem desenvolver aprendizado de máquinas, em Inteligência Artificial  (IA), e engenharia de software sustentável.  

- Engenharia de Transportes: engenheiros(as) especializados em gerenciar o tráfego, planejar ações em sistemas de transporte, melhorando a mobilidade urbana, não só em estradas, mas também nos meios ferroviários, hidroviários e aéreos. Possui o foco em ações de estruturar rodovias e fluxos de transportes, minimizando, também, impactos econômicos. Atuam em empresas de topografia, que gerenciam vias urbanas, setores de controle do tráfego e concessionária de rodovias.    

Primórdios da Engenharia

Desde o controle do fogo, da domesticação de animais, da invenção da agricultura e do surgimento das grandes cidades, os seres humanos já demonstravam o domínio e desenvolvimento ‘da técnica’:  recursos ancestrais criados para melhorar as condições de vida.

A Engenharia é definida como a aplicação de métodos científicos e empíricos ao utilizar os recursos disponíveis na natureza para a otimização da vida e está presente em todos os aspectos do cotidiano, em sua utilização material e intelectual de objetos e serviços. A palavra tem origem no latim ingenium, que significa “habilidade natural” ou “qualidade nata”, relacionada com a capacidade inventiva e criativa da profissão.

Na antiguidade, os egípcios, mesopotâmicos, gregos e romanos já desenvolviam técnicas e conhecimentos práticos para as suas cidades e sua aprimoração pessoal, com áreas seguras e confortáveis. As pirâmides do Egito, os Jardins Suspensos da Babilônia, a Acrópole de Atenas, os aquedutos romanos, o Coliseu de Roma, Teotihuacán e as cidades e pirâmides dos antigos Maias, Incas e Astecas, entre outras construções do período, comprovam a capacidade de aplicar o conhecimento em novas tecnologias. 

O primeiro engenheiro registrado na história foi Imhotep, funcionário do Faraó Djoser, responsável pela projeção da Pirâmide de Djoser, por volta de 2.630 a.C, introduzindo o uso de colunas arquitetônicas. Localizada no complexo funerário de Saqqara, norte de Mênfis, a Pirâmide de Djoser é estruturada em alvenaria, possui 62 metros de altura, escalonada em seis degraus e sua base é de 109 por 125 metros, revestida por calcária branca polida. 

No Brasil, a primeira escola de Engenharia foi a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, instalada no Rio de Janeiro em 1792, e que foi sucedida pela Real Academia Militar, em 1810. Foi uma exceção do governo português, já que era proibida a abertura de Universidades nas Colônias. E mesmo tendo origem militar, a Academia se dedicava ao estudo de ciências e as mais diversas Engenharias. Foi apenas em 25 de abril de 1874 que ela foi transformada, por um decreto imperial, na Escola Polytechnica do Rio de Janeiro (então, grafada com “y” e “h”), passando a oferecer formação à sociedade civil.

A Minerva

O símbolo da Engenharia é a deusa Minerva, a versão romana da deusa grega Atenas, com uma engrenagem ao seu redor. Essa engrenagem simboliza o bom funcionamento das peças  internas, o seu constante movimento e evolução. A Minerva, conhecida como a deusa da sabedoria e da estratégia, representa tais virtudes que são aprimoradas por essa profissão. Porém, apesar da representação oficial ser com a figura feminina da deusa, durante a história do avanço das Engenharias, as mulheres não foram as protagonistas. 

No Brasil, de acordo com os dados presentes no relatório “Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, elas representavam 22% das engenheiras formadas, uma queda em relação a 2012, quando eram 24,4%. Embora sejam maioria no acesso ao nível superior de ensino, sendo de 21,3% contra 16,8% dos homens, ainda enfrentam barreiras nos cursos das áreas de CTEM (Ciências, Tecnologias, Engenharias, Matemática), o que carrega o estigma social do gênero, como o pensamento  de que as mulheres não são racionais, mas dotada de emoções e que não correspondem às exatas.

O Programa Mulher, instituído no Confea desde 2019 e atuante nos 27 conselhos regionais, incluindo o Crea-RJ, tem por objetivo promover a igualdade de oportunidades e garantir que as mulheres sejam valorizadas e reconhecidas em suas carreiras nas diversas modalidades, como a Engenharia e as demais profissões ligadas ao Sistema Confea/Crea. Neste ano, em especial ao Dia Internacional das Mulheres Engenheiras (dia 23 de junho), o Crea-RJ promoveu  a palestra da presidente do Instituto Nós Por Elas, advogada Natalie Alves, sobre “Programas, ações, projetos e atividades de valorização das mulheres”.

Nomes femininos pioneiros da Engenharia no Brasil

- Edwiges Maria Becker Hom’meil: a primeira engenheira a se formar no Brasil, em 1917, na Escola Politécnica da UFRJ, abrindo espaço para outras estudantes se inspirarem a seguir a carreira. 

- Enedina Alves Marques: foi a primeira engenheira negra do Brasil. Formada em 1945, ela se graduou em Engenharia Civil na Universidade Federal do Paraná (UFPR), rompendo padrões acadêmicos e sociais impostos. Foi a primeira a chefiar a Divisão de Engenharia da Secção de Estatística do Estado do Paraná. Ganhou destaque e reconhecimento ao projetar a Usina Hidrelétrica Capivari Cachoeira.

- Maria Luiza Soares Fontes: foi a primeira mulher a se formar em Engenharia Elétrica, no Instituto de Engenharia de Itajubá, Minas Gerais. Ela recebeu o diploma diretamente de Juscelino Kubitscheck. Seu principal feito foi a padronização do Plano Postal dos Correios e Telégrafos, no Rio de Janeiro.

- Evelyna Bloem Souto: primeira engenheira civil formada na Universidade de São Paulo (USP), no campus de São Carlos, em 1957. Ganhou uma bolsa de estudos em Paris, na França, e ao fazer uma visita a um túnel que estava sendo feito para ligar a França à Itália, foi obrigada a se vestir com roupas masculinas e pintar um bigode em seu rosto. 

- Veridiana Victoria Rossetti: primeira engenheira agrônoma, formada pela Escola Superior de Agronomia Luiz Queiroz, de Piracicaba, São Paulo, em 1937, tornando-se uma referência mundial sobre doenças dos citros. 

Premiação Láurea ao Mérito Crea-RJ 

Em homenagem ao Dia do Engenheiro, o Crea-RJ realiza anualmente a cerimônia de entrega do Prêmio Láurea ao Mérito. Dividido em duas categorias, o Diploma do Mérito, (honra em vida) e a Inscrição no Livro do Mérito (homenagem pós-mortem), são reconhecimentos aos profissionais que se destacam, ou que se destacaram, em prol da Engenharia, da Agronomia e das Geociências. 

A Comissão do Mérito foi instituída pelo Regimento do Crea-RJ e tem por finalidade analisar as indicações dos que, pelo desempenho de atividades profissionais, fazem jus às homenagens conferidas pelo Conselho. São concedidos Diplomas do Mérito para entidades de classe, instituições de ensino e personalidades nacionais e estaduais, que se notabilizaram por ações em prol da Engenharia e da Agronomia, no Estado do Rio de Janeiro. Já a inscrição no Livro do Mérito aos profissionais falecidos é o reconhecimento ao seu valor, manifestado a seus familiares. 

O Crea-RJ parabeniza os engenheiros e as engenheiras por suas contribuições para o desenvolvimento da sociedade. O Conselho reafirma seu compromisso em valorizar e defender a Engenharia Nacional, consciente da importância da área para o enfrentamento das questões sociais e a criação de soluções e inovações para o cotidiano. Parabéns a todos e todas pelo trabalho e pela marca que deixam em cada obra, serviço e projeto!

Confira o vídeo!

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