O Rio de Janeiro já sente os impactos da crise climática que atinge o mundo. Pela primeira vez desde que foi criado pela Prefeitura, o Protocolo de Enfrentamento ao Calor Extremo do município atingiu nesta segunda-feira, dia 17, o penúltimo Nível da escala, o NC4, em que os termômetros ultrapassaram a marca de 40 graus em vários pontos. O NC4 é atingido quando a cidade registra temperaturas entre 40 graus e 44 graus por, ao menos, três dias consecutivos. Entre as ações previstas nessa situação está a possibilidade de “cancelamento ou reagendamento de eventos de médio e grande porte” e de “megaeventos em áreas externas”. Nesta terceira onda de calor extremo no país, todo cuidado com a saúde é pouco.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o Rio de Janeiro tem registrado as temperaturas mais altas do país, depois apenas de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. Pela previsão do sistema Alerta Rio, a máxima na cidade poderia chegar a 42 graus na tarde de hoje. No Brasil, o INMET administra mais de 700 estações meteorológicas distribuídas em todo o território nacional.
“O bloqueio atmosférico está impedindo a chegada de massas de ar mais amenas (frentes frias), tornando as temperaturas altas, assim como a sensação térmica; a umidade muito baixa (ou seja, baixa quantidade de vapor d’água) e a consequente formação de nuvens e então, a precipitação”, explica a Meteorologista e Professora de Meteorologia da UFRJ Ana Cristina Pinto de Almeida Palmeira, que é conselheira do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (CREA-RJ), no qual integra a Câmara Especializada de Agronomia e a Comissão de Educação.
Graduada em Meteorologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1999, com mestrado e doutorado, a professora Ana Cristina Palmeira concorda que a onda de calor extremo no Rio pode estar relacionada às mudanças climáticas globais. O aumento da temperatura média da Terra, causado principalmente pela emissão de gases de efeito estufa, intensifica fenômenos como ondas de calor, tempestades mais severas e mudanças nos padrões climáticos.
“Vivemos mudanças na atmosfera, em que o aquecimento do planeta está maior a cada dia, causando muitas implicações. E essa onda de calor no Rio de Janeiro está relacionada ao bloqueio atmosférico persistente, que é um dos possíveis desdobramentos das mudanças climáticas.”, observa Ana Cristina Palmeira.
A conselheira do CREA-RJ parabenizou a Prefeitura do Rio pela implantação do Protocolo de Enfrentamento do Calor Extremo porque é uma ferramenta técnica que pode ajudar as pessoas, sobretudo idosos, a cuidar da saúde.
“A atmosfera é uma grande massa que cobre o planeta e devemos estar cada vez mais atentos a ela”, observa a professora, lembrando que as pessoas de modo geral tornaram-se maiores observadoras das mudanças climáticas que estão em andamento no mundo. Ela elogia também “o grau de precisão dos colegas Meteorologistas” em suas previsões do tempo. Ana Cristina Palmeira afirmou que a onda de calor no Rio deve durar mais alguns dias, mas a volta das chuvas mais regulares, só na semana que vem, às vésperas do carnaval.
Recomendações da Prefeitura do rio para o Nível 4 de calor:
+ Beba muita água e coma frutas, legumes e verduras
+ Use protetor solar e lembre-se de reaplicar ao longo do dia
+ Enrole gelo em um pano e aplique atrás do pescoço, axilas e virilha para abaixar a temperatura corporal
+ Não deixe de tomar medicamentos de rotina
+ Cuidado redobrado com grupos mais vulneráveis ao calor, como crianças, idosos, gestantes, trabalhadores ao ar livre e atletas
+ Use roupas frescas e proteja-se com bonés, chapéus e óculos de sol
+ Evite praticar atividades físicas em horários de pico do calor
+ Se possível, permaneça em locais ventilados. Fique atento a choques térmicos causados pelo calor da rua e o ar-condicionado
+ Evite ingerir bebidas alcóolicas, pois podem provocar a desidratação
+ Disponibilize água fresca a animais de estimação e evite passeios em períodos mais quentes do dia